DIFERENÇAS: DIVERSIDADE E INCLUSÃO NO MUNDO DA MODA

27/11/2019

Por Luana Valentim

Coleção de moda praia desfilada em São Paulo Fashion Week / Ph: Zé Takahasshi
Coleção de moda praia desfilada em São Paulo Fashion Week / Ph: Zé Takahasshi

"Ninguém determina o que eu visto e muito menos a ideia que posso transmitir através das minhas roupas", destacou Eliane Lucena, que aos 60 anos não se prende aos estereótipos estabelecidos pela sociedade. A palavra de ordem é diversidade, seguidas de inclusão e representatividade. Negras, transexuais, asiáticas, albinas e idosas estão atualmente ganhando cada vez mais espaço no mundo da moda e nas passarelas.

O movimento que vinha ganhando manifestações pontuais em desfiles alternativos ao redor do mundo, como os de Rick Owens e Vetements, em Paris, ganhou um novo impulso ao chegar ao Brasil carregados de temas socialmente importantes, ganhando visibilidade e representando as minorias. A edição de 2019 no São Paulo Fashion Week - SPFW, por exemplo, foi um símbolo de transformação, apresentando vários biotipos "fora do padrão".

Sam Porto no São Paulo Fashion Week / Ph: Cláudia Salgado
Sam Porto no São Paulo Fashion Week / Ph: Cláudia Salgado

O maior destaque vai para o modelo Sam Porto, o primeiro trans a desfilar no SPFW, e que vem ganhando destaque no universo fashion. Com 25 anos de idade, Sam vem construindo sua história profissional com grandes diferenciais, por trazer autenticidade e personalidade forte como sua marca. Atualmente, faz parte do casting da agência Rock Management, uma das mais reconhecidas do mercado.

"Vimos constantemente a aparição de pessoas com personalidades e estilos diferentes no mundo da moda. E é exatamente isso que a torna tão especial, sua pluralidade" ressaltou Eliane Lucena.

Apesar disso, de acordo com a estudante de Design de Moda, Wanessa Souza, nem todo mundo enxerga apenas o lado positivo nessa inclusão. "A grande dificuldade de "aceitar" todos os tipos de pessoas é que muitas vezes elas não possuem a emissão de um documento profissional, o DRT, que é uma obrigatoriedade do Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos e Diversões (Sated)", afirmou.


Outros veem na situação a abertura de uma brecha para negociações livres de regulação e sujeitas a acordos desvantajosos para "não modelos". Parte deles está disposta a abdicar do pagamento em dinheiro pelos serviços ou a receber o cachê em produtos (no caso, roupas de grife), como acontece com muitas digitais influencers atualmente.

Mas a questão é controvérsia. Já faz alguns anos que se percebe uma transformação no mercado como um todo, e, nesse sentido, não há mais como regredir. Embora ainda haja alguma resistência por parte de grupos mais conservadores, com o passar do tempo, ela vem perdendo força.

Diversidade marca SPWF 2019 / Ph: Juliana Brasil
Diversidade marca SPWF 2019 / Ph: Juliana Brasil

Grandes grifes e empresas também já perceberam que é possível ter lucro ao criar produtos para certos nichos da população que antes eram desprezados. Isso vale tanto para marcas tradicionais que lançam linhas de produtos específicas, tanto para marcas novas que já nascem especializadas em um determinado nicho, e essas ainda levam uma certa vantagem, por estarem chegando neste momento divisor de águas.

A própria legitimação desses grupos na sociedade, a mudança de mentalidade da população e uma postura mais crítica sobre aquilo que se considera como padrão a ser seguido aumentaram a flexibilidade dos biotipos que encontramos como representantes de moda.

"O que se sabe é que a moda não veste só modelos, ela veste diferentes tipos de pessoas. Se a gente for analisar, talvez a inclusão seja simplesmente adicionar as minorias em determinados projetos, mas a diversidade é fazer disso uma prática cada vez mais constante", finalizou Wanessa Souza.

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